Olhos do Hórus

Somos tantos e tão poucos...anjos, quase todos loucos pela vida e pelo pão. Somos santos desalmados, mortos-vivos, mal-amados...deuses sem religião. Mas, pra quem quer achar saída, temos os trilhos da vida...pra quem quer seguir adiante, temos o melhor caminho... Somos todos peregrinos, passageiros clandestinos das vãs asas do destino...

Wednesday, April 11, 2007

Raio X de um coração
Sávio Drummond

Meu coração é como uma aranha...tem oito olhos, mas não sabe olhar para todos os lados. Por vezes tece teias para esperar que a sorte lhe traga algo, por vezes se deixa lançar por um único fio que se lhe entrega ao acaso, ao vento.

Meu coração é arbitrariamente libertário...corre demais da conta pra chegar onde deseja, mas esquece e ignora os freios e airbags...e o resultado é inevitável.

É mais velho que eu o meu coração, e como um irmão mais velho, quer ditar as regras antes que eu sequer conheça os princípios que as regem. E como uma amante persistente, me seduz e me chama para dançar, mesmo de olhos vendados. Envelhece a cada experiência, mas ao contrário de tantos outros corações e mentes que envelhecem, meu coração nunca parece chegar na idade da razão.

Ah, ele não quer papo com a razão não! Meu coração é uma raposa astuta. Sempre que a razão consegue entender ou perceber que é preciso ser mais forte que o meu coração, já é tarde demais...ele já seqüestrou e rendeu a razão há muito tempo.

E eu preciso mesmo é comprar um relógio pro meu coração...todas as vezes que ele disse adeus, ele estava errado.

Mas acho que é um bom moço esse meu coração. Ele não consegue odiar e só odeia uma coisa na vida: a vulgaridade com que usam um “eu te amo”. “Eu te amo” clichelizados são um espinho afiado no dedão do pé esquerdo do meu coração. Ele só libera um “eu te amo” para subir na minha garganta e ecoar minha boca afora depois de um rígido carimbo atestando autenticidade e nobreza no sentimento proferido...é um secretário exigente, isso sim! Mas concordo com ele, nesses termos! E ai de mim se não concordasse...ele pararia, de desgosto.

Sabe...meu coração está aprendendo aos poucos que há sonhos para se sonhar e há sonhos para se viver...até hoje eu ainda não entendo bem as nuances que permitem julgar esses dois mundos...mas meu coração está começando a aprender antes de mim, e isso é um bom sinal...só espero que ele me ensine depois seu aprendizado! E tentarei ser um aluno exemplar do que a vida não deixa pairar nas entrelinhas.

Friday, March 16, 2007

Sem passado nem futuro: todos os dias de uma só vez!

Oi, gente! Pois é! Tenho andado sem tempo pra ficar postando com muita freqüência, então hoje vou tentar preencher a lacuna dos últimos dias.Acho que esse vai ser um post histórico, com muitas fotos e assuntos, talvez o mais longo já publicado aqui. Mas acho que vcs vão ler de uma maneira legal...assim espero! Espero que não fique cansativo, mas tenho comigo que será uma postagem legal de se acompanhar.

Um pouco de cada coisa, umas fotinhas, uma pincelada pelas páginas em branco.

Vou começar com umas fotos especiais, da minha primeira infância, que, embora não tenha terminado(e que se mantenha viva sempre...), era diferente da infância que trago nos dias de hoje.


Com Brisa (pra quem não sabe: minha irmã). Lembro como hoje desse tempo, assim como das fotos sendo tiradas...velhas e boas festinhas de São João da escola O Ranchinho. Translúcida timidez frustradamente encoberta sob uma fantasia e um chapéu.



Brisa, usando sua força descomunal para impedir que a escada desabe no chão...rsrs!

André(pra quem não sabe: meu irmão) bebendo algo que me parece ser um refresco de limão daqueles deliciosos que nunca mais vi em lugar algum, vendidos naqueles galões metálicos, que também nunca mais vi em algum lugar...rs!


Rsrs...eu...cara de sem-vergonha nessa aí


Homenagem a duas pessoas especiais aqui na vida ilheense: Milla e Fábio (Milla é daqui, Fábio é de BH, morando aqui). Vou sentir saudades dessa galera e da galera que segue mais abaixo, quando eu for daqui pra...pra...putz! Pra onde que eu vou mesmo depois daqui, hein?? rss! Sabe Deus...aliás...ele sequer imagina!

Mais uma galera muito do bem aqui na vida ilheense:




Com Neyzinho (pra quem não sabe: meu primo)...fazendo o bom som de sempre! Figuura! rs! 02:05h da madruga...entre cordas e acordes, a noite é uma eterna criança.



Luzes e som em movimento...



Dimitri e seus detalhes flagrísticos...os moldes da mão de baixista nas cordas do violão: inevitável alquimia osmótica...



Neyzinho e Vanessa...olha a simpatia! rsrs!



Como eu dizia...a noite é uma criança...


e, assim, no seu enredo infantil, nos embrulha dentro de um sono inusitado...


...um sono talvez merecido, justificado pelas últimas 24h viradas sem pausas diante de um computador...um sono quase profundo, ainda que um instinto ativo curiosamente mantenha os dedos ainda fixos nos acordes, agora estáticos, de um violão...


Um sono pervertidamente interrompido...por uma banana!! Ahh, mas vai ter volta, sr. Dimitri! rsrssrrs!!!!



Falconeando







Um falcãozinho quiriquiri, Falco sparverius, fêmea adulta, encontrado usando um ponto de caça próximo à orla. Esse tem um comportamento totalmente diferente do adotado pelo peregrino...não usa pontos tão altos e nem preda aves da maneira altamente especializada como o peregrino...é mais especializado em capturar insetos e pequenos vertebrados no chão. Então seus poleiros de caça precisam ser apenas tão altos quanto um mourão de cerca, um galho de árvore não necessariamente muito alto, um poste de iluminação ou um fio de poste, que é muitíssimo usado por essa espécie ao longo de rodovias, principalmente.



O peregrino, um dia nascendo e uma lua...uma pintura!



Analisando uma das caças do peregrino-IOS. O estado das aves e restos muitas vezes vira um quebra-cabeça a ser montado, para chegar com precisão na espécie certa. Em grande parte das vezes, tudo que se tem é um pé, um bico, uma asa faltando penas, ou apenas uma maxila inferior. Nesse caso, com uma ave inteira, é mais fácil...apesar da plumagem escassa e 70% da cabeça ausente terem confundido um pouco a diferenciação com espécies próximas ou fases juvenis semelhantes ao padrão adulto de outra espécie...mas no final foi na rede! Tem sido muito gostoso analisar esses materiais!




Desenhando os moldes de padronização de faixas malares que diferenciam os peregrinos individualmente...aqui os Falco-IOS/VCA.
Fazer os desenhos é bem legal...mas o quebra-cabeça está antes de fazer cada desenho...é analisar mais de dezenas de fotos e filmagens, para definir entre todas as mudanças de posicionamento de plumagem da cabeça e pescoço, quando o Falco está mais encolhido, em posição de alerta, em posição de caça, em repouso, com o pescoço curvo, etc...e a partir daí tirar a média que realmente define entre todas as diferentes posições o padrão único para todas as posições da faixa malar do mesmo bicho. No final, é bem legal poder ter certeza que o resultado é super fiel! É super gratificante!


Pequeno registro: cena de filmagem do Falco-SSA, às 06:50h de 09/12/2003. Uma das poucas vezes, antes de 2005 (quando passei a utilizar mais regularmente o mesmo terraço que ele nas "nossas" observações) em que pude registrá-lo dividindo o mesmo terraço que eu, a 65/70 metros de altura.


Bem...uma das minhas grandes empreitadas com a análise de atividades do Falco peregrinus aqui de Ilhéus tem sido analisar um processo que me permita ter acesso às partes mais altas da Catedral de São Sebastião. O topo das bases de concreto do telhado, as bases planas que contornam os cones das torres, as bases planas situadas abaixo desses cones. É aí que o falcão come suas presas, é aí que cai a maior parte dos restos e presas que não foram consumidas próximo às bordas laterais externas da catedral e nas bordas da fachada. E é aí que eu preciso ter acesso, de algum jeito, pois seria interessantíssimo e muito importante coletar todo o material ( despojo de caça, aves estocadas não consumidas, etc) possível, mesmo porque a maior parte das presas consumidas está justamente aí nesses pontos.
Mas então...já avaliei várias formas, mas é muito difícil mesmo. Pensei então em pedir uma ajuda ao Corpo de Bombeiros de Ilhéus, sabendo que eles têm experiência e recursos que poderiam possibilitar essa ajuda. Marquei reunião e lá fui para o 5º Grupamento de Bombeiro Militar de Ilhéus, há três dias.
Passei a tarde lá, analisando, conversando, com o capitão, Capitão Rezende. Uma figura ele, muitíssimo simpático, super receptivo, carismático mesmo. No final a conversa se abriu para vários assuntos curiosos do dia-a-dia e relacionados aos bichos. Ele curte aves de rapina e é super interessado e curioso sobre a natureza.
Mas, analisando bem a questão do acesso, ele confessou que realmente há uma grande dificuldade em se ter acesso a esses locais que tenho em vista. Analisamos a estrutura da Catedral, pela foto que levei, junto com fotos do peregrino. Não há uma maneira segura e muito viável, segundo ele, de se conseguir alcançar de baixo para cima estes pontos. Que o mais fácil nos trabalhos feitos pelos bombeiros, e fazer a coisa de cima para baixo, alcançar os pontos de interesse, descendo e não subindo, porque não há suporte para fazer amarração e nem segurança para os próprios bombeiros. Mas ficou claro da parte dele que essa viabilidade de acesso partiria do uso de rapel. Então vão ser contactados alguns membros da polícia ou bombeiro, ou amigo dele, que façam trabalho de rapel, para vermos essa possibilidade. Outra possibilidade seria o uso da escada magirus, mas até esta se torna pouco viável em alcançar certos pontos.




As fotos usadas para ilustrar o caso Falco X Catedral.


Com o pessoal dos bombeiros, em frente à catedral...no fim da tarde, depois das conversas com o Capt.Rezende, fomos analisar pessoalmente a catedral. Agradeço à atenção, receptividade (que foi enorme, por parte de todo o pessoal da corporação) e apoio de todo o pessoal! E pela super simpatia, receptividade, prestatividade e atenção do Capitão.

Uma coisa que achei super curiosa ainda, foi o seguinte: quando estou lá no pátio onde ficam os carros e viaturas dos bombeiros, um dos membros da corporação se aproximou de mim e disse, sem nunca termos nos encontrado antes: "Ei, foi vc que colocou uns vídeos de falcão peregrino aqui em Ilhéus lá no YouTube?" Eu tomei um susto e fiquei surpreso e perguntei: "Uai, acho que fui eu mesmo, como sabe?" Ele: "Ah, eu baixei esses vídeos pra mim. Do falcão pousado na coluna da catedral...eu adoro aves de rapina! Baixei os dois vídeos que tão lá! Aí agora vi vc com uma foto de falcão e ouvi seu nome e lembrei do seu nome lá"
Putz! Eram mesmo os vídeos que eu postei.Imagina! Muito antes mesmo de eu ir nos bombeiros, de contactá-los e conhecer o pessoal, ele já tinha visto o vídeo do Falco daqui de Ilhéus que eu pus lá no YouTube e já tinha baixado! Achei isso massa! Muita coincidência!

Bom, gente, finalizo esse post de hoje com uma série de fotos que fiz há 4 dias, enquanto observava, na linha da praia, as atividades do Falco. São fotos que achei bonito o resultado da luz, do Sol, do dia nascendo...
Até mais!!



Monday, February 26, 2007

Um pouco de música e um hóspede muito especial

Ontem fui com o amigo Dimitri pra casa da namorada dele/amiga minha, para gravarmos algumas músicas. Aproveitamos pra fazer umas brincadeiras fotográficas, enquanto passávamos o intervalo das gravações tomando Coca-Cola e comendo brigadeiro (rss...quem me conhece sabe o quanto "ODEIO" essas duas coisas...e com bons amigos e música na cobertura, então...poderia ser melhor?). No caminho pra casa de Vanessa acabamos encontrando um sabiá-laranjeira filhotinho, na rua, caído do ninho. O bichinho tava no passeio, encolhido e assustado. Não deu outra...tomei ele nas mãos e acabei por adotá-lo.
Aqui vão umas fotinhas (ou seria, no bom português, fotinhOS?!)...do som (foto de som é surreal..rss!) e do pequeno sabiá, muito guloso e piador.


O que fazer quando se tem doze cordas divididas em dois corpos acústicos??



A resposta se encontra na ponta dos dedos!


Tchaann!! Rs.. Pressão pura esses óculos escuros (não reparem no horário no canto inferior direito da foto...rs). Não, não somos vampiros...faz parte do figurino dimitriano de gravação...rs! Mas, até que ficamos simpáticos.




!!



Enquanto Vanessa dedilha delicadamente o violão, eu, num flagra acidental, limpo "educadamente" dos dedos os derradeiros resquícios de um brigadeiro.



Música...essa velha eterna senhora de cabelos brancos-dourados que faz os segundos deslizarem com mais leveza ao longo de cada dia..."cantar, cantar, fluir, fluir...sem nunca desistir..."







O pequeno laranjinha, encontrado caído na rua, no fim da tarde de ontem. Guloso e piador!

Wednesday, February 21, 2007

Todas as vezes em que eu disse "adeus" eu estava enganado...meu coração precisa urgente de um relógio.

Vamos democratizar..e viva o MP3!

Aqui vai um trecho de uma interessante entrevista feita pela revista eletrônica Oba-Oba, com o vocalista do Grupo Musical Teatro Mágico (acessem: http://oteatromagico.palcomp3.cifraclub.terra.com.br/), Fernando Anitelli.
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(Introdução) "Entre malabares, tecidos e esquetes teatrais, uma banda devidamente trajada de palhaço, oferece ao público durante seus shows - uma espécie de sarau circense - músicas que já se tornaram grandes hits.

Pelo menos é o que acontece entre o público que lota as apresentações no Brasil à fora. Coisa rara hoje em dia, principalmente pela ditadura musical que assola as rádios e televisões, e deixa pouco espaço para quem quer divulgar sua arte.

Ser reconhecido e consagrado no cenário independente talvez, seja apenas um dos grandes atrativos que compõem o cardápio da trupe do Teatro Mágico."

"!ObaOba: No show você sempre fala da questão da Pirataria, e de certa forma incentiva o público a piratear o seu trabalho. Como você enxerga a pirataria?
Fernando: Eu falo durante o show que se as pessoas quiserem podem copiar o meu CD e divulgarem entre elas. Das duas mil pessoas que tiverem no show se uma quiser comprar e o resto piratear pode fazer. Eu vendo a cinco reais e para piratear o cara vai ter praticamente o mesmo custo. Então na verdade ninguém pirateia justamente por isso. Pelo contrário, nosso público entende a relação que a gente tem com a cultura, eles entendem o que outros músicos e outros artistas estão passando. Então eles dizem “poxa é por ai”. Eu conheço muitos outros músicos que começaram a divulgar as músicas na Internet, o CD, os trabalhos as poesias. Isso que é importante. Isso que é o grande sarau. Fazer o nosso país compartilhar coisas, idéias, musicas, educação, sabedoria, a sabedoria não tem dono, a arte não tem dono ela tem alguém que produz e para produzir isso precisa de um respaldo para ser executado. Se a música faz algum sentido para você de alguma maneira ela te pertence. Isso pode ser até uma coisa filosófica. Aquilo que é diferente e não te agrega você não imprime. Se a música fez sentido pra você, não tem que proibir na Internet e em nenhuma outra mídia. Por isso que eu estou falando dessa pirataria saudável que é compartilhar a arte. Tornar a arte cada vez mais acessível, isso sim.

!ObaOba: Como você lida com o fato de estar incentivando a pirataria?
Fernando: Quando eu estou dizendo pirateiem o meu trabalho eu estou dizendo compartilhem a música, porque até mesmo compartilhando música na Internet estão tentando proibir. Isso é proibir o acesso à cultura é proibir o acesso de outras pessoas com músicos e com seus trabalhos. E se não for através de um meio livre como é a Internet, ninguém mais vai conseguir escutar coisas novas. Porque essas mesmas multinacionais compram os espaços das rádios para anunciar as músicas de trabalho deles. Essas mesmas multinacionais compram o espaço na televisão para divulgar o trabalho deles. Então na verdade é uma palhaçada todo o sistema que comanda hoje a cultura do Brasil."

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Pois é isso aí! A verdade é que não é venda de CD que dá dinheiro e sobrevivência a músico não...músico vive de SHOW!!
E o que garante show a músico é o grande público. E o que garante um grande público nos shows é o acesso que se dá a esse público a conhecer antecipadamente o trabalho do músico. E o que garante esse reconhecimento pelo público é a democracia e amplo acesso a esse trabalho...! E isso não se dá vendendo/comprando CDs de R$ 40,00...isso se dá mostrando democrática e abertamente o trabalho e dando acesso de reconhecimento a quem quer que seja. E nada é mais democrático do que poder ter acesso à cultura e à música de qualidade (sim, porque ninguém sai ganhando, seja de graça ou pagando R$ 40,00 pra ouvir porcaria...) sem (quase) precisar pagar por isso. Quem troca um CD de R$ 40,00 por uma coletânea de 10 CDs baixados na internet em mp3, não está tirando a comida da mesa do músico...apenas não está dando esmola para a Polygram, Som Livre, Universal, MD e BMG...são elas o cofre, não o pão do café da manhã do músico.
Para que serviam os LPs as fitas K7 e CDs, senão para carregar a função de divulgar e difundir o trabalho dos músicos e garantir o (re)conhecimento deste traballho para então garantir os shows e, por outro lado, enriquecer as gravadoras, principais beneficiadas e manipuladoras desse retorno de vendagem? Pois então...se, ao que hoje penso esta é a função, agora em pleno século XXI, essa nobre função de difusão do trabalho musical ganha largas e muito mais democráticas e funcionais asas nos mp3 que circulam por aí, entre os amigos, entre os links do Orkut, nas teias culturais (sim, elas existem...e não é preciso lupas para enxergá-las...basta saber procurar) da nossa internet.
Isso é democratizar a cultura, a arte, e fazê-las acessíveis, a quem no mínimo e no máximo, pode conectar uma internet numa lanhouse por R$ 0,80 a hora (esse foi o mais baixo preço que já vi por aí) e gravar suas músicas preferidas num CD de R$ 1,00. E, especialmente, fazer divulgar a arte de qualidade, que por ser arte e por ser de qualidade, não interessa ser divulgada por uma dessas Som Livre e etc e tals, por não falar de bundas, calcinhas, onomatopéias e simulações orgasmáticas e ais-ais-mainhas...
Pirataria de CDs dá 3 a 8 anos de cadeia???? Como isso? Matar um João Hélio da vida arrastado 7km pelo asfalto das ruas cariocas vai dar no máximo 3 anos de internamento numa clínica (e só não entendo até hoje porque numa clínica, mas tudo bem...se fosse buscar entender o resto, ficaria louco) porque o assassino tem menos de 18 anos...
Vamos lá! Vamos rasgar a hipocrisia em mil pedaços! Vamos criar mp3 e distribuir a quem gosta de música, a quem quer ter acesso à arte e a cultura sem se sentir escravo da multi-indústria-monopolista-pseudo-musical.
E vivam as comunidades de mp3 do Orkut...e viva a cultura, livre, leve (de preferência com 3mb) e solta, de todas as amarras!!

Friday, February 16, 2007



BARCO DE PAPEL
Kátia Drummond

Como se a terra corresse inteirinha atrás do rio,
a seguir serras e vales num enorme caminhar,
eu vejo a imensa saudade escorrer-se sobre mim.
Sei de onde ela partiu. Não sei onde vai chegar.

Como se o rio voltasse todo ao encontro da terra,
e, num abraço apertado, inundasse a solidão,
eu sinto a minha saudade, penitência dos aflitos,
desesperar-se. E, aos gritos, mergulhar na imensidão.

Se eu fosse a terra, eu cumpria meu destino de ser leito.
Se eu fosse o rio, eu seguia meu destino de ser mar.
Eu não sou terra nem rio. Sou um barco de papel!
Onde vai, pois, um barquinho de papel a navegar?

Tuesday, February 13, 2007

Passando o tempo da melhor forma

Ontem fui na UESC para fazer uma série de fotos para um amigo e um professor que estão fazendo um projeto de levantamento aqui pelo Sul da Bahia. Era pra fotografar alguns peixes coletados em rios daqui da região. Mas acabei chegando muito cedo e os peixes ainda iriam passar por um processo de triagem e só então poderiam passar pelos "clics". Essa triagem iria durar toda a manhã e parte da tarde. Bom, fui levando apenas material fotográfico numa malinha e nada mais...qual a melhor maneira de passar o tempo até a hora de fazer as fotos? Como a maneira mais necessária era inviável, já que eu não havia levado meus dados do Falco para ir adiantando algumas coisas e a sala de computadores estava trancada, a resposta estava ali atrás das construções da UESC: a mata! Afinal, uma câmera em mãos, uma manhã de Sol e algumas horas sobrando pediam essa oportunidade de dar um passeio e procurar alguns lances legais pra fotografar.
A mata é dividida em duas partes: a cabruca, que é uma formação bem modificada do ambiente de mata original, onde a maior parte da vegetação mais baixa é eliminada e substituída por plantações de cacau, preservando uma limitada parte das árvores nativas de grande porte para sombrear os cacaueiros; e a mata por trás da cabruca, com uma composição florística mais diversificada e preservada, com plantas nativas de vários portes, desde arbustos à imensas figueiras e jequitibás.
Passei cerca de duas horas andando na mata e aproveitando que estava com a câmera e acessórios em mãos para registrar alguns flagras da vida que se refugia por ali.
Vamos lá!

(Clique nas imagens para vê-las ampliadas)


Operários de um micromundo que nunca pára pra descansar.



Uma simpática (ao contrário das suas primas-irmãs Periplaneta americana, vulgo "Barata-de-esgoto") barata-silvestre em seu repouso diurno.



Mais uma caranguejeirinha nas minhas caminhadas pela mata. Coisa mais linda essa! Impecavelmente linda.



Papa-ventinho Anolis, um encontro sempre muito especial nas andadas na Mata Atlântica...e uma fonte de boas lembranças das longas andadas na mata do Parque da Cidade, em Salvador. Conseguir tirar uma foto desse aí, ainda que não muito próximo, exigiu longos minutos de paciência e jogo de cintura em ganhar a confiança do bichinho...espertíssimo, agilíssimo e desconfiadíssimo. Foi um verdadeiro jogo de esconde-esconde em volta dessa planta.





Alguns Saccopteryx bilineata, pequenos insetívoros da noite neotropical. Um brinde mais que oportuno para olhos atentos e dedos ansiosos por um clic na vida ao redor. E por trás dos pequenos olhos brilhantes, uma tradução para o inconsciente translúcido: "Estamos aqui...não se esqueça de nós!"

Friday, February 09, 2007

Brasil, mostra a tua cara!


Na casa do dinheiro, o leito da miséria...a dura poesia antitética na cara da realidade.
Foto tirada às 06:00h da manhã, no centro de Ilhéus.