Olhos do Hórus

Somos tantos e tão poucos...anjos, quase todos loucos pela vida e pelo pão. Somos santos desalmados, mortos-vivos, mal-amados...deuses sem religião. Mas, pra quem quer achar saída, temos os trilhos da vida...pra quem quer seguir adiante, temos o melhor caminho... Somos todos peregrinos, passageiros clandestinos das vãs asas do destino...

Monday, February 26, 2007

Um pouco de música e um hóspede muito especial

Ontem fui com o amigo Dimitri pra casa da namorada dele/amiga minha, para gravarmos algumas músicas. Aproveitamos pra fazer umas brincadeiras fotográficas, enquanto passávamos o intervalo das gravações tomando Coca-Cola e comendo brigadeiro (rss...quem me conhece sabe o quanto "ODEIO" essas duas coisas...e com bons amigos e música na cobertura, então...poderia ser melhor?). No caminho pra casa de Vanessa acabamos encontrando um sabiá-laranjeira filhotinho, na rua, caído do ninho. O bichinho tava no passeio, encolhido e assustado. Não deu outra...tomei ele nas mãos e acabei por adotá-lo.
Aqui vão umas fotinhas (ou seria, no bom português, fotinhOS?!)...do som (foto de som é surreal..rss!) e do pequeno sabiá, muito guloso e piador.


O que fazer quando se tem doze cordas divididas em dois corpos acústicos??



A resposta se encontra na ponta dos dedos!


Tchaann!! Rs.. Pressão pura esses óculos escuros (não reparem no horário no canto inferior direito da foto...rs). Não, não somos vampiros...faz parte do figurino dimitriano de gravação...rs! Mas, até que ficamos simpáticos.




!!



Enquanto Vanessa dedilha delicadamente o violão, eu, num flagra acidental, limpo "educadamente" dos dedos os derradeiros resquícios de um brigadeiro.



Música...essa velha eterna senhora de cabelos brancos-dourados que faz os segundos deslizarem com mais leveza ao longo de cada dia..."cantar, cantar, fluir, fluir...sem nunca desistir..."







O pequeno laranjinha, encontrado caído na rua, no fim da tarde de ontem. Guloso e piador!

Wednesday, February 21, 2007

Todas as vezes em que eu disse "adeus" eu estava enganado...meu coração precisa urgente de um relógio.

Vamos democratizar..e viva o MP3!

Aqui vai um trecho de uma interessante entrevista feita pela revista eletrônica Oba-Oba, com o vocalista do Grupo Musical Teatro Mágico (acessem: http://oteatromagico.palcomp3.cifraclub.terra.com.br/), Fernando Anitelli.
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(Introdução) "Entre malabares, tecidos e esquetes teatrais, uma banda devidamente trajada de palhaço, oferece ao público durante seus shows - uma espécie de sarau circense - músicas que já se tornaram grandes hits.

Pelo menos é o que acontece entre o público que lota as apresentações no Brasil à fora. Coisa rara hoje em dia, principalmente pela ditadura musical que assola as rádios e televisões, e deixa pouco espaço para quem quer divulgar sua arte.

Ser reconhecido e consagrado no cenário independente talvez, seja apenas um dos grandes atrativos que compõem o cardápio da trupe do Teatro Mágico."

"!ObaOba: No show você sempre fala da questão da Pirataria, e de certa forma incentiva o público a piratear o seu trabalho. Como você enxerga a pirataria?
Fernando: Eu falo durante o show que se as pessoas quiserem podem copiar o meu CD e divulgarem entre elas. Das duas mil pessoas que tiverem no show se uma quiser comprar e o resto piratear pode fazer. Eu vendo a cinco reais e para piratear o cara vai ter praticamente o mesmo custo. Então na verdade ninguém pirateia justamente por isso. Pelo contrário, nosso público entende a relação que a gente tem com a cultura, eles entendem o que outros músicos e outros artistas estão passando. Então eles dizem “poxa é por ai”. Eu conheço muitos outros músicos que começaram a divulgar as músicas na Internet, o CD, os trabalhos as poesias. Isso que é importante. Isso que é o grande sarau. Fazer o nosso país compartilhar coisas, idéias, musicas, educação, sabedoria, a sabedoria não tem dono, a arte não tem dono ela tem alguém que produz e para produzir isso precisa de um respaldo para ser executado. Se a música faz algum sentido para você de alguma maneira ela te pertence. Isso pode ser até uma coisa filosófica. Aquilo que é diferente e não te agrega você não imprime. Se a música fez sentido pra você, não tem que proibir na Internet e em nenhuma outra mídia. Por isso que eu estou falando dessa pirataria saudável que é compartilhar a arte. Tornar a arte cada vez mais acessível, isso sim.

!ObaOba: Como você lida com o fato de estar incentivando a pirataria?
Fernando: Quando eu estou dizendo pirateiem o meu trabalho eu estou dizendo compartilhem a música, porque até mesmo compartilhando música na Internet estão tentando proibir. Isso é proibir o acesso à cultura é proibir o acesso de outras pessoas com músicos e com seus trabalhos. E se não for através de um meio livre como é a Internet, ninguém mais vai conseguir escutar coisas novas. Porque essas mesmas multinacionais compram os espaços das rádios para anunciar as músicas de trabalho deles. Essas mesmas multinacionais compram o espaço na televisão para divulgar o trabalho deles. Então na verdade é uma palhaçada todo o sistema que comanda hoje a cultura do Brasil."

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Pois é isso aí! A verdade é que não é venda de CD que dá dinheiro e sobrevivência a músico não...músico vive de SHOW!!
E o que garante show a músico é o grande público. E o que garante um grande público nos shows é o acesso que se dá a esse público a conhecer antecipadamente o trabalho do músico. E o que garante esse reconhecimento pelo público é a democracia e amplo acesso a esse trabalho...! E isso não se dá vendendo/comprando CDs de R$ 40,00...isso se dá mostrando democrática e abertamente o trabalho e dando acesso de reconhecimento a quem quer que seja. E nada é mais democrático do que poder ter acesso à cultura e à música de qualidade (sim, porque ninguém sai ganhando, seja de graça ou pagando R$ 40,00 pra ouvir porcaria...) sem (quase) precisar pagar por isso. Quem troca um CD de R$ 40,00 por uma coletânea de 10 CDs baixados na internet em mp3, não está tirando a comida da mesa do músico...apenas não está dando esmola para a Polygram, Som Livre, Universal, MD e BMG...são elas o cofre, não o pão do café da manhã do músico.
Para que serviam os LPs as fitas K7 e CDs, senão para carregar a função de divulgar e difundir o trabalho dos músicos e garantir o (re)conhecimento deste traballho para então garantir os shows e, por outro lado, enriquecer as gravadoras, principais beneficiadas e manipuladoras desse retorno de vendagem? Pois então...se, ao que hoje penso esta é a função, agora em pleno século XXI, essa nobre função de difusão do trabalho musical ganha largas e muito mais democráticas e funcionais asas nos mp3 que circulam por aí, entre os amigos, entre os links do Orkut, nas teias culturais (sim, elas existem...e não é preciso lupas para enxergá-las...basta saber procurar) da nossa internet.
Isso é democratizar a cultura, a arte, e fazê-las acessíveis, a quem no mínimo e no máximo, pode conectar uma internet numa lanhouse por R$ 0,80 a hora (esse foi o mais baixo preço que já vi por aí) e gravar suas músicas preferidas num CD de R$ 1,00. E, especialmente, fazer divulgar a arte de qualidade, que por ser arte e por ser de qualidade, não interessa ser divulgada por uma dessas Som Livre e etc e tals, por não falar de bundas, calcinhas, onomatopéias e simulações orgasmáticas e ais-ais-mainhas...
Pirataria de CDs dá 3 a 8 anos de cadeia???? Como isso? Matar um João Hélio da vida arrastado 7km pelo asfalto das ruas cariocas vai dar no máximo 3 anos de internamento numa clínica (e só não entendo até hoje porque numa clínica, mas tudo bem...se fosse buscar entender o resto, ficaria louco) porque o assassino tem menos de 18 anos...
Vamos lá! Vamos rasgar a hipocrisia em mil pedaços! Vamos criar mp3 e distribuir a quem gosta de música, a quem quer ter acesso à arte e a cultura sem se sentir escravo da multi-indústria-monopolista-pseudo-musical.
E vivam as comunidades de mp3 do Orkut...e viva a cultura, livre, leve (de preferência com 3mb) e solta, de todas as amarras!!

Friday, February 16, 2007



BARCO DE PAPEL
Kátia Drummond

Como se a terra corresse inteirinha atrás do rio,
a seguir serras e vales num enorme caminhar,
eu vejo a imensa saudade escorrer-se sobre mim.
Sei de onde ela partiu. Não sei onde vai chegar.

Como se o rio voltasse todo ao encontro da terra,
e, num abraço apertado, inundasse a solidão,
eu sinto a minha saudade, penitência dos aflitos,
desesperar-se. E, aos gritos, mergulhar na imensidão.

Se eu fosse a terra, eu cumpria meu destino de ser leito.
Se eu fosse o rio, eu seguia meu destino de ser mar.
Eu não sou terra nem rio. Sou um barco de papel!
Onde vai, pois, um barquinho de papel a navegar?

Tuesday, February 13, 2007

Passando o tempo da melhor forma

Ontem fui na UESC para fazer uma série de fotos para um amigo e um professor que estão fazendo um projeto de levantamento aqui pelo Sul da Bahia. Era pra fotografar alguns peixes coletados em rios daqui da região. Mas acabei chegando muito cedo e os peixes ainda iriam passar por um processo de triagem e só então poderiam passar pelos "clics". Essa triagem iria durar toda a manhã e parte da tarde. Bom, fui levando apenas material fotográfico numa malinha e nada mais...qual a melhor maneira de passar o tempo até a hora de fazer as fotos? Como a maneira mais necessária era inviável, já que eu não havia levado meus dados do Falco para ir adiantando algumas coisas e a sala de computadores estava trancada, a resposta estava ali atrás das construções da UESC: a mata! Afinal, uma câmera em mãos, uma manhã de Sol e algumas horas sobrando pediam essa oportunidade de dar um passeio e procurar alguns lances legais pra fotografar.
A mata é dividida em duas partes: a cabruca, que é uma formação bem modificada do ambiente de mata original, onde a maior parte da vegetação mais baixa é eliminada e substituída por plantações de cacau, preservando uma limitada parte das árvores nativas de grande porte para sombrear os cacaueiros; e a mata por trás da cabruca, com uma composição florística mais diversificada e preservada, com plantas nativas de vários portes, desde arbustos à imensas figueiras e jequitibás.
Passei cerca de duas horas andando na mata e aproveitando que estava com a câmera e acessórios em mãos para registrar alguns flagras da vida que se refugia por ali.
Vamos lá!

(Clique nas imagens para vê-las ampliadas)


Operários de um micromundo que nunca pára pra descansar.



Uma simpática (ao contrário das suas primas-irmãs Periplaneta americana, vulgo "Barata-de-esgoto") barata-silvestre em seu repouso diurno.



Mais uma caranguejeirinha nas minhas caminhadas pela mata. Coisa mais linda essa! Impecavelmente linda.



Papa-ventinho Anolis, um encontro sempre muito especial nas andadas na Mata Atlântica...e uma fonte de boas lembranças das longas andadas na mata do Parque da Cidade, em Salvador. Conseguir tirar uma foto desse aí, ainda que não muito próximo, exigiu longos minutos de paciência e jogo de cintura em ganhar a confiança do bichinho...espertíssimo, agilíssimo e desconfiadíssimo. Foi um verdadeiro jogo de esconde-esconde em volta dessa planta.





Alguns Saccopteryx bilineata, pequenos insetívoros da noite neotropical. Um brinde mais que oportuno para olhos atentos e dedos ansiosos por um clic na vida ao redor. E por trás dos pequenos olhos brilhantes, uma tradução para o inconsciente translúcido: "Estamos aqui...não se esqueça de nós!"

Friday, February 09, 2007

Brasil, mostra a tua cara!


Na casa do dinheiro, o leito da miséria...a dura poesia antitética na cara da realidade.
Foto tirada às 06:00h da manhã, no centro de Ilhéus.

Wednesday, February 07, 2007

Senhor dos ventos

05:30h da matina...lá vou eu para a Catedral de São Sebastião, coletar despojos de caça do Falco peregrinus e conferir alguns detalhes para serem anotados, sobre a catedral e sobre um novo ponto de pouso utilizado ultimamente...
Lá está o falcão, tranquilo, sobre um dos prolongamentos verticais arqueados que contornam um dos cones (se é que posso chamar um "cone quadrangular" de cone...) das torres. Acabou de devorar uma presa...mas ainda se mantém em posição de observação das imediações, embora pouco mais recolhido.
O tempo estava um tanto nublado, uma chuva se preparava para cair. Mas muito antes da água descer, uma ventania estúpida se instalou nas redondezas...vento forte mesmo!
E depois de uma hora pousado, eis o falcão, iniciando um planeio sobre a catedral e imediações. Iniciou uma série de planeios, sem bater asas uma vez sequer, mas controlando absolutamente o vôo com movimentos sutis, praticamente imperceptíveis, entre asas e cauda...
Voou contra a ventania, a apenas 35 metros do solo, fechando curvas estupidamente elegantes e pegando então carona a favor dos ventos, deslizando velozmente com as asas arqueadas, voltando a se manter novamente contra o vento e se pondo absolutamente parado no ar, com as asas aparentemente imóveis, com um domínio de vôo fora de série, como se não houvesse vento algum e muito menos com a intensidade com que estavam. De repente, o que era uma cena estática, tal o domínio de planeio, se transformava num mergulho ágil que emendava com um deslize sutil contra o vento. Enquanto isso, os pombos voavam tortamente, buscando abrigo nos cantos da catedral, sem conseguir manter um equilíbrio de vôo, tentando resistir a oscilação da ventania que se instalou. Foi uma cena estupidamente elegante...já presenciei inúmeros planeios dos falcões peregrinos, mas este foi de tirar o fôlego...fiquei babando com a boca aberta e um sorriso besta! Foram apenas (e tanto) 5 minutos de planeio..e isso é uma eternidade! E tive a frustração de pela primeira vez não levar a câmera fotográfica nas idas aos pontos de atuação do falcão, e voltei pra casa sem ter feito uns belos registros de filmagem, até pelo fato do falcão ter planado muito próximo ao solo. Bom, ficou o registro e essa pequena tentativa quase frustrada de descrição, já que chega a ser idiota a comparação entre o descrever e o presenciar...
Abreijos!!!